Oi pessoal
Vamos falar um pouco daquele cogumelo vermelho com bolinhas brancas que a gente vê nos desenhos animados, a amanita muscária, que significa o agário das moscas. Esse cogumelo é bastante comum no hemisfério norte, assim na América do Norte e Europa. Ele cresce em árvores, em especial pinheiros, abeto, eucaliptos, salgueiros e vidoeiro. Ele tem esse nome porque em muitas culturas usavam ele misturado no leite para afastar moscas. Esse cogumelo é venenoso e contém psicoativos se for tomado em determinadas quantidades.
Sua capa pode variar de 5 a 30cm de diâmetro e sua cor pode variar do vermelho mais aberto ao mais escuro
Também foi e ainda é utilizado em muitas culturas, assim eu achei um breve histórico dele:
10.000-0 AC: O livro Rig Veda, que é uma série de histórias de encantamentos da Índia, menciona uma substância mágica chamado Soma. Em 1968, foi publicado por R. Gordon Wasson um livro chamado “Soma: O Cogumelo Divino da Imortalidade” tratando da amanita muscária.
4000 AC: Textos foram escritos falando que a amanita muscária tem efeitos tóxicos.
2000-1000 AC: Na Sibéria o cogumelo também era utilizado. A região do rio Pegtymel é hoje em dia habitada pela cultura Chukchi, conhecida por ter usado a amanita como substância entorpecente.
100 DC: Uma estatueta de 7,5 cm de amanita foi encontrada em Nayarit, no México, que sugere que o cogumelo pode ter sido usado no litoral mexicano. Foram também encontradas outras esculturas na América Central e América do Sul, provavelmente representam o uso em rituais.
0-1800 DC: Alguns historiadores escandinavos acreditam que os guerreiros vikings Bezerks ingeriam a amanita muscária antes das batalhas.
1658 DC: Um prisioneiro de guerra polaco escreveu sobre uma cultura do oeste siberiano, os Ob-Ugrian Ostyak, da região Irtysh, que eles consumiam amanitas e por isso ficam mais embriagados que com vodka, e para eles essa é a melhor festa. Isso foi escrito no livro "Diary of Muscovite Captivity", de Kamiensky Dluzyk, publicado em 1874, página 382.
1730: Um coronel sueco, Filip Johann von Strahlenberg, que passou 12 anos na Sibéria como prisioneiro de guerra, escreveu o livro "An Historico-Geographical Description of the North and Eastern Parts of Europe and Asia", que inclui uma descrição detalhada da prática de ingestão da urina daqueles que comeram os cogumelos, de modo a reciclar os psicoativos.
1960-1965: O uso da amanita muscária aparece nas subculturas americanas e europeias, mas permanece raro pois muitos utilizadores reportam que os efeitos são desagradáveis.
Os constituintes etnogênicos da amanita são: ácido ibotênico, muscazona e o muscimol, que provavelmente é o principal intoxicante. Após a ingestão, uma pequena quantidade de ácido ibotênico descarboxila em muscimol, o que produz a intoxicação. Tomado oralmente, o ácido ibotênico é enteogenicamente ativo com 50-100 mg. Tomado oralmente, o muscimol apresenta atividade com 10-15 mg.
Segundo relatos, os efeitos são distintamente diferentes dos da psilocibina, do LSD, ou da mescalina. Podem acontecer movimentos ondulantes na visão, movimento nos objetos inanimados, alucinações auditivas e uma sensação de estabilidade, confusão mental, descontrole na noção de espaço e tempo, pupilas dilatadas, sonolência, clareza mental, euforia, e alterações sensórias e alterações no paladar. Náuseas também são comuns, assim como salivação e transpiração maior. Alguns afirmam que seus efeitos positivos aparecem na segunda ou terceira vez que usam. Alguns testemunhos dizem que os efeitos variam em três estádios diferentes, sendo que numa primeira fase surgem as náuseas e a má disposição, ou seja, os efeitos ao nível do próprio corpo; numa segunda fase o sujeito fica criativo e pensativo. Na terceira e última fase predominam os efeitos psicodélicos da substância. Ainda segundo alguns testemunhos, o individuo só sente realmente os malefícios da substância após dois dias de consumo, como dores no estômago.
Muitos efeitos são inesperados, ao ingerir pode acontecer sensações boas e ruins, portanto não é um uso seguro. Para que o ácido ibotênico se transforme em muscimol, é preciso fazer a secagem do cogumelo, assim a substancia é potencializada em 5 a 6 vezes, o que reduz os efeitos prejudiciais. Alguns usuários afirmam que as amanitas muscarias da Europa são melhores que os dos Estados unidos.
Seu uso sagrado é usado tradicionalmente por xamãs para tratamentos espirituais e físicos. Os consumidores ocidentais relatam uma analgesia significativa como um dos principais efeitos de sua ingestão. Segundo a sabedoria do povo Kamchatkan da Rússia, três pedaços pequenos do fungo ao serem comidos curam dores de garganta. Estes cogumelos são normalmente comidos. Sua secagem é muito importante, mas se já foram secados há alguns meses perdem alguma potência. O fumo pode ter resultados satisfatórios produzindo efeito mais rápido, porém menos forte. Pode ser consumido com água quente, deixando a água quase ferver, sem borbulhar, a cerca de 190 graus, e juntar-lhe os cogumelos. Deixa-os cozer na água durante cerca de meia-hora, e depois consome a água e os cogumelos.
Ela é um dos enteógenos mais antigos. É por ela que os xamãs faziam curas, profecias, invocação de espíritos, comunicação com antepassados e percepção da imortalidade divina e proporcionar visões e introvisões de profundo significado. Assim com o SOMA (na Índia) o povo tinha contato direto com as divindades, alcançando assim, a Iluminação espiritual. Os xamãs siberianos guardavam e consumiam a própria urina para ser bebida no inverno, quando não dispunham do cogumelo.
5 gramas ou menos de cogumelos secos é um bom ponto de partida, que pode ser gradualmente aumentado de acordo o desejo do usuário. Considera-se que uma dose normal são 5 - 10 gramas (1 - 3 cabeças médias) e uma dose forte 10 - 30 gramas (2 - 6 cabeças médias). Normalmente os primeiros efeitos podem sentir-se durante a primeira meia-hora e variam de pessoa para pessoa, mas o aumento da dose é aconselhável apenas quando se atinge a totalidade dos efeitos, cerca de 2 horas após a ingestão. A duração do efeito total é de 4 a 10 horas.
Alguns dizem que a Amanita Muscaria é na verdade fruto de muitas lendas, pois mesmo em alguns dicionários de cogumelos ele é tratado como sendo mortal, mas em publicações científicas importantes, pesquisadores falam que se trata de um cogumelo leve e não mortalmente tóxico, e que não há fontes precisas de que o cogumelo tenha causado qualquer morte por intoxicação. Existe sim um cogumelo do gênero Amanita (Amanita Alphaloide), que é mortalmente tóxico: sua cor é branco-esverdeada e não vermelha e essa espécie sozinha é a maior causadora de mortes por intoxicação de cogumelos no mundo.
É preciso que se tenha experiência com cogumelos para o uso da amanita, já que alguns podem ser mortais. Portanto é preciso saber se o cogumelo é o certo. Algumas pessoas até recomendam o aquecimento prévio do cogumelo, para desta forma secá-lo ainda mais. A secagem diminui os seus efeitos tóxicos e aumentam o seu efeito psicodélico.
O Natal e a amanita muscaria
O Natal surge do contexto das terras frias do norte da Europa, como Escandinávia e Rússia, onde antes de ter sido convertido ao cristianismo, o natal era celebrado como o solstício de inverno, que ocorre normalmente no dia 21 de dezembro. Pinheiros são as únicas árvores que se mantém verdes em meio à neve do rígido inverno da Rússia e da Escandinávia e provavelmente por esse motivo foram escolhidos como as árvores de natal. Existem autores que acreditam que a Amanita muscaria é uma possível explicação para a tradição de se colocar bolas vermelhas nas árvores de natal, já que cresce quase que debaixo dos pinheiros. Assim há associação exclusiva entre os pinheiros e os cogumelos que crescem em suas raízes, os presentes que são deixados debaixo das árvores de natal podem ser uma referência ao lugar de desenvolvimento destes cogumelos, que eram utilizados nos rituais religiosos destes mesmos povos nórdicos de onde se originaram os símbolos de natal.
O povo Sami da Finlândia tem uma prática muito curiosa de consumir o princípio ativo do Amanita Muscaria através da urina das renas por eles criadas, já que o organismo das renas converte toda a substância nociva ao corpo humano (ácido ibotênico) na substância responsável pelas alucinações (muscimol), tornando o cogumelo ainda mais potente para as experiências xamânicas. Logo há uma associação com as renas voadoras do natal que transportam São Nicolau, o papai Noel. Os duendes, ajudantes de São Nicolau, que é provavelmente são uma referência ao povo nativo Sami da Finlândia, que em suas vestes coloridas e em suas cabanas de madeira preservam um modo de vida milenar na Lapônia. Aliás, há uma grande associação entre duendes e substancias entorpecentes! As cores associadas ao natal são o vermelho e o branco da amanita muscaria, que coincidem com as cores do papai Noel e a coca cola.
Eu tirei muita informação bacana desses artigos:
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